LGBT+60: CORPOS QUE RESISTEM

Quando a muitos anos atrás pessoas LGBTs começaram a se organizar para que pudessem ter seu DIREITO DE AMAR ser respeitado, com certeza não imaginaram nem em seus piores cenários que passados 55 anos os problemas seriam os mesmos, e após um catastrófico governo, seria ainda pior.

Após o ocorrido em STONEWALL em 1969, no Brasil os movimentos por direitos dos gays e lésbicas começam a se organizar, isso por volta de 1972. Passados 52 anos e ainda estamos lutando por direitos. Conseguimos algumas conquistas, mas aumentaram também as nossas dificuldades.

O transexual ou a transexual ainda encontra dificuldade em certos ambientes de aceitarem o seu nome social, apesar de ter sido facilitado a mudança de nome em seus documentos. Os gays e lésbicas diariamente são agredidos e ofendidos e nem sempre conseguem fazer que seus algozes sejam punidos. Somos o país que mais se mata travestis e transexuais no mundo, e por aí vai diversas dificuldades.

Penso eu, que tudo isso é um processo lento, já que as leis que nos favorecem são bem recentes e ainda precisamos de manter a luta para que sejam definitivamente aplicadas e com isso a inexistência desses absurdos.

Mas o que me deixa aterrorizado, é o preconceito não só com a orientação sexual, ou identidade de gênero, mas a soma desses dois acrescida ao preconceito de idade. Diversas pessoas mesmo sendo LGBT em pleno 2024 tem preconceito com a idade de seus pares, de seus iguais.

A luta travada pela população acima de 60 anos começa na infância, pois ao contrario de muitos jovens, que hoje podem andar de mãos dadas pelas ruas, podem se assumir diante a sociedade, esses que já passaram de seus 50 anos não podiam nada disso. Até 1990 a orientação sexual era considerada DOENÇA e vinha descrita como homossexualismo. Se você se assume gay ou lésbica, era tratado como doente mental. Foram esses que são descriminados por sua idade hoje, que lutaram, pondo sua “cara no sol” e conseguindo direitos, para que quem os descriminam hoje, pudessem “bater seus cabelos” em paz e segurança.

O documentário “LGBT+60: CORPOS QUE RESISTEM” (já em sua 3ª temporada), mostra em seus depoimentos a triste realidade vivida antes e agora dessas pessoas que lutam para simplesmente serem RESPEITADAS. Não são histórias de ficção ou contada por outros, são os protagonistas de duras realidades, e relatam suas lutas, suas marcas corporais e espirituais, pelo simples fato de serem quem são.  Disponível no Youtube.

Envelhecer é um processo que ninguém pode fugir, a forma que envelhecemos é que nos diferencia. Mas uma coisa não pode acontecer, é você ser preconceituoso com aquilo que você será um dia, é discriminar o que você terá de passar, e fechar os olhos para o seu amanhã e agredir os que estão no hoje. Ricardo Aguieras (76) em 2009 na parada gay de São Paulo, ostentou uma faixa “GAY IDOSOS TAMBÉM SÃO GOSTOSOS”, estava ali um homem gay lutando SOZINHO contra a discriminação, e não havia sequer uma fala de apoio, um gesto de atenção. Na mesma parada em cima do trio elétrico estava o escritor João Trevissan (80) na época com 75 anos e seu namorado, e nem assim o LGBT IDOSO ganhou notoriedade, a luta não foi aplaudida, o respeito sequer aconteceu.

O que está errado ??? Seriamos nós que ainda chamamos de maricona as bichas mais velhas???

Onde estão as lésbicas, transexuais, drags que já passaram de 50 anos ??? teriam sido empurradas de volta para o armário????

Porque reportagens, entrevistas, postagens em redes sociais, sejam de particulares, grupos ou entidades não vemos esse tema ser abordado, não vemos fotos desses personagens PRECURSORES DE NOSSOS DIREITOS.

Onde erramos???? Como podemos consertar, mesmo que tardiamente???

GRISALHO É A 7ª COR DO ARCO IRIS”

Por Leandro Paiva

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